Logo após a morte do cantor Chorão da banda Charlie Brown Jr já se sabia que antes havia um novo álbum quase pronto, eram até expectativas de Champingnon que também faleceu e tarefa de divulgar o novo disco póstumo ficou com o restante da banda
O novo disco se chamará La família 013 e no disco as músicas são mais leves com mais romantismo e um pouco de metal e blues. Veja abaixo uma análise faixa a faixa realizado pelo G1:
"Um dia a gente se encontra"
A faixa com letra reflexiva não parece ter sido escolhida por acaso para abrir o disco. A frase do título, repetida 12 vezes, é de arrepiar os fãs após as mortes de Chorão e Champignon: "Então vamos viver / Um dia a gente se encontra". Apesar de uma pretensa suavidade da voz quase sussurrada de Chorão nos versos, o som não é diferente do que o grupo já fez. Parece "Tudo mudar", de 2000, em rotação um pouco reduzida.
"Fina arte"
"Essa daqui é pra provar que essa p... vale ouro", diz Chorão no rap emendado no refrão da música. Mas a energia sugerida na letra não se reflete na voz do cantor. O resto, com alguns sussurros, não está entre o que há de mais inspirado no disco. É um reggae irmão de "Zóio de lula", otimista: "A vida vivida de um modo simples é bem melhor pra mim". É a única assinada pela dupla Chorão e Marcão.
"Cheia de vida"
Abre o grupo de faixas românticas. Se trocassem as guitarras e o vocal rasgado por uma programação eletrônica e teclados, seria um bom pop rock brasileiro dos anos 80, do naipe de "Cheia de charme", de Guilherme Arantes. O que, longe de ser um demérito, mostra que o talento de Chorão como compositor é maior que o clichê do skatista de bermuda na canela.
"Meu novo mundo"
Outra romântica e mais descaradamente pop que a anterior. A banda abre mão da distorção na primeira parte. Os versos têm o sentimentalismo bruto de Chorão: "Tipo coisas da sétima arte / aconteceu sem que eu imaginasse"; "amor vagabundo, intenso e muita pressa / não sei como termina mas sei como começa". O refrão martelado é menos marcante do que o início promete.
"Do jeito que eu gosto, do jeito que eu quero"
Esta é uma das duas faixas assinadas por toda a banda. O riff engraçadinho poderia chegar à malemolência santista de "Tudo que ela gosta de escutar", de 1997. Mas Chorão acaba levando para lições existenciais em andamento mais arrastado: "A vida só gosta de quem gosta de viver".
"Rock star"
Esta entraria fácil em "Transpiração contínua prolongada", por isso destoa do resto de "La família 013". Mais veloz, tem toda a marra e o skate rock que deixaram Chorão famoso: "Eu vou colar com ela, ela me deixa crazy", ele canta, antes do refrão ao mesmo tempo humilde e pedante: "Maloca rock star / Favela rock star".
"Vem ser minha"
Em outro reggae, volta o clima mais suave e romântico. Aqui o arranjo deixa mais espaço para Champignon mostrar suas virtudes - o único aspecto mais notável da faixa.
"Hoje sou eu que não mais te quero"
Começa com um riff pesado, mas quebra para guitarra acústica e um arremedo de bossa nova. Chorão canta versos monocórdicos e desiludidos. "Já nem sei mais o que eu quero, nem sei o que eu quero". Boas linhas das guitarras e baixo dão a dinâmica que falta na voz. Amarga, termina com a volta do peso inicial. Se tivesse letra em inglês e vocal desafinado, passaria por alguma banda da geração indie dos anos 90 que desprezava Chorão.
Charlie Brown Jr. (Foto: Divulgação)Charlie Brown Jr. (Foto: Divulgação)
"Camisa preta"
Charlie Brown metal? Outra faixa surpreendente e destoante no disco, esta é a passagem do Charlie Brown mais próxima de clichês metaleiros, vide notas agudas debulhadas depois de um riff rápido e abafado e antes do derradeiro solo de bateria. É a segunda faixa composta por toda a banda. Também começa com guitarra engraçadinha, quebrada por mudanças de dinâmica e trechos mais arrastados.
"Vou me embriagar de você"
Outro exemplo do vocal sussurrado de Chorão. Pouco cativante em relação à capacidade do músico, parece uma das que ajuda apenas a completar as 13 faixas sugeridas no título do disco. A única perspectiva interessante é pensar que ele não estava cantando "vou me embriagar de você" para uma pessoa. E mesmo se estivesse, é algo tocante pela confissão antes de morrer: "Estive só, estive sozinho".
"A mais linda do bar"
"Eu vou rodar essa cidade, porque eu sei que em algum lugar a garota dos meus sonhos está esperando por mim... Eu quero a garota mais linda do bar". A letra deste blues - outra surpresa do disco - dá um pouco mais de luz às histórias de Chorão rodando sozinho por bares de SP. Ele chegava sem ninguém, mas, segundo a música, não queria voltar desacompanhado.
"Samba triste"
Faz par com "Hoje sou eu que não mais te quero" ao misturar base de violão com guitarras distorcidas e arrastadas. Se as primeiras músicas foram bem escolhidas para impressionar os fãs, para o final ficaram as melodias menos inventivas. A respeito do título, não há nada de samba, mas muito de tristeza. Até a "preservação da natureza para seu filho aproveitar" é tema de lição.
"Contrastes da vida"
A faixa curta e acústica tem os vocais menos agressivos que marcam o disco. Chorão fala em "evoluir, seguir em frente", mas ele mesmo rebate: "Mesmo o mais sábio às vezes não encontra uma saída". A última frase é de dar um nó na garganta: "A ação do tempo nas nossas vidas / deixou a gente sem saber por quê".
A faixa com letra reflexiva não parece ter sido escolhida por acaso para abrir o disco. A frase do título, repetida 12 vezes, é de arrepiar os fãs após as mortes de Chorão e Champignon: "Então vamos viver / Um dia a gente se encontra". Apesar de uma pretensa suavidade da voz quase sussurrada de Chorão nos versos, o som não é diferente do que o grupo já fez. Parece "Tudo mudar", de 2000, em rotação um pouco reduzida.
"Fina arte"
"Essa daqui é pra provar que essa p... vale ouro", diz Chorão no rap emendado no refrão da música. Mas a energia sugerida na letra não se reflete na voz do cantor. O resto, com alguns sussurros, não está entre o que há de mais inspirado no disco. É um reggae irmão de "Zóio de lula", otimista: "A vida vivida de um modo simples é bem melhor pra mim". É a única assinada pela dupla Chorão e Marcão.
"Cheia de vida"
Abre o grupo de faixas românticas. Se trocassem as guitarras e o vocal rasgado por uma programação eletrônica e teclados, seria um bom pop rock brasileiro dos anos 80, do naipe de "Cheia de charme", de Guilherme Arantes. O que, longe de ser um demérito, mostra que o talento de Chorão como compositor é maior que o clichê do skatista de bermuda na canela.
"Meu novo mundo"
Outra romântica e mais descaradamente pop que a anterior. A banda abre mão da distorção na primeira parte. Os versos têm o sentimentalismo bruto de Chorão: "Tipo coisas da sétima arte / aconteceu sem que eu imaginasse"; "amor vagabundo, intenso e muita pressa / não sei como termina mas sei como começa". O refrão martelado é menos marcante do que o início promete.
"Do jeito que eu gosto, do jeito que eu quero"
Esta é uma das duas faixas assinadas por toda a banda. O riff engraçadinho poderia chegar à malemolência santista de "Tudo que ela gosta de escutar", de 1997. Mas Chorão acaba levando para lições existenciais em andamento mais arrastado: "A vida só gosta de quem gosta de viver".
"Rock star"
Esta entraria fácil em "Transpiração contínua prolongada", por isso destoa do resto de "La família 013". Mais veloz, tem toda a marra e o skate rock que deixaram Chorão famoso: "Eu vou colar com ela, ela me deixa crazy", ele canta, antes do refrão ao mesmo tempo humilde e pedante: "Maloca rock star / Favela rock star".
"Vem ser minha"
Em outro reggae, volta o clima mais suave e romântico. Aqui o arranjo deixa mais espaço para Champignon mostrar suas virtudes - o único aspecto mais notável da faixa.
"Hoje sou eu que não mais te quero"
Começa com um riff pesado, mas quebra para guitarra acústica e um arremedo de bossa nova. Chorão canta versos monocórdicos e desiludidos. "Já nem sei mais o que eu quero, nem sei o que eu quero". Boas linhas das guitarras e baixo dão a dinâmica que falta na voz. Amarga, termina com a volta do peso inicial. Se tivesse letra em inglês e vocal desafinado, passaria por alguma banda da geração indie dos anos 90 que desprezava Chorão.
Charlie Brown Jr. (Foto: Divulgação)Charlie Brown Jr. (Foto: Divulgação)
"Camisa preta"
Charlie Brown metal? Outra faixa surpreendente e destoante no disco, esta é a passagem do Charlie Brown mais próxima de clichês metaleiros, vide notas agudas debulhadas depois de um riff rápido e abafado e antes do derradeiro solo de bateria. É a segunda faixa composta por toda a banda. Também começa com guitarra engraçadinha, quebrada por mudanças de dinâmica e trechos mais arrastados.
"Vou me embriagar de você"
Outro exemplo do vocal sussurrado de Chorão. Pouco cativante em relação à capacidade do músico, parece uma das que ajuda apenas a completar as 13 faixas sugeridas no título do disco. A única perspectiva interessante é pensar que ele não estava cantando "vou me embriagar de você" para uma pessoa. E mesmo se estivesse, é algo tocante pela confissão antes de morrer: "Estive só, estive sozinho".
"A mais linda do bar"
"Eu vou rodar essa cidade, porque eu sei que em algum lugar a garota dos meus sonhos está esperando por mim... Eu quero a garota mais linda do bar". A letra deste blues - outra surpresa do disco - dá um pouco mais de luz às histórias de Chorão rodando sozinho por bares de SP. Ele chegava sem ninguém, mas, segundo a música, não queria voltar desacompanhado.
"Samba triste"
Faz par com "Hoje sou eu que não mais te quero" ao misturar base de violão com guitarras distorcidas e arrastadas. Se as primeiras músicas foram bem escolhidas para impressionar os fãs, para o final ficaram as melodias menos inventivas. A respeito do título, não há nada de samba, mas muito de tristeza. Até a "preservação da natureza para seu filho aproveitar" é tema de lição.
"Contrastes da vida"
A faixa curta e acústica tem os vocais menos agressivos que marcam o disco. Chorão fala em "evoluir, seguir em frente", mas ele mesmo rebate: "Mesmo o mais sábio às vezes não encontra uma saída". A última frase é de dar um nó na garganta: "A ação do tempo nas nossas vidas / deixou a gente sem saber por quê".
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