E pela quarta vez vamos falar de mais um disco de Gal Costa na série Grandes Discos Brasileiros. A cantora é uma das mais versáteis da nossa música brasileira e a cada período de sua carreira viu, participou e viveu as mudanças artísticas e notamos bem como ela é diferente a cada momento e a cada disco.
Falamos aqui do seu primeiro disco, Gal Costa de 1969 onde ela era apenas uma cantora do Tropicalismo. Outro disco foi o Água Viva de 1978 onde Gal mudava o tom de suas músicas sendo mais romântica e concreta. E falamos do disco Tropical que foi lançado em 1979 e mostrava uma Gal Costa diferente do disco anterior e as canções eram melhor interpretadas, mostrando uma maturidade musical grande.
O ano agora é 1981 e Gal Costa já era reconhecida como uma das maiores cantora brasileiras daquela época e com certeza era listada como uma das melhores de todos os tempos até então. O disco que iremos falar é Fantasia que é um trabalho mais romântico, maduro, concreto e bem alinhado com uma banda selecionada que desfrutou de um excelente trabalho de ótimo gosto.
A história deste disco começou com uma turnê com o nome que seria futuramente dado ao disco. O show tinha uma grande presença do público que ovacionava e aplaudia Gal Costa a cada canção, porém a crítica não aprovou sua nova turnê, escrevendo nos jornais e revistas que Gal estaria em declínio. A crítica voltou a aclamá-la logo quando saiu o disco Fantasia com o repertório do show gravado em estúdio.
contracapa do disco |
Após o lançamento do disco ele foi considerado o melhor do ano de 1981 e a crítica logo se desculpou após as críticas até mesmo pesadas no show antes da turnê. Como era seu 15º trabalho foi considerado o melhor até então de sua carreira naquele ano. Teve um grande sucesso comercial, ultrapassando a marca de 500 mil cópias, sendo um dos últimos trabalhos a atingir grande marca.
O disco tinha 10 faixas e todas elas exigiam de Gal Costa uma tonalidade de voz diferente para cada faixa, sendo algumas com altas notas, outras com extrema delicadeza e outras faixas que exigiam bastante técnica, onde elevariam o talento de Gal que tinha conseguido atingir neste disco, ganhando a aclamação de público e crítica. Por conta desta Pluralidade, muitas canções tornaram conhecidas do público, sendo que pelo menos mais da metade tornaram hits ou foram utilizadas comotrilhas em filmes e novelas.
A faixa que abre ao disco é "Canta Brasil" que é composta por David Nasser e Alcyr Pires Vermelho. Esta canção quando foi escrita era uma resposta a "Aquarela do Brasil", tornando um samba enredo que ganhou mais visibilidade em sua voz e o sucesso foi muito marcante, sendo destaque anos mais tarde na novela Deus nos Acuda, na TV Globo e sendo utilizada por fãs em karaokês pelo Brasil.
A segunda faixa é "Meu Bem, Meu Mal" que é minha canção favorita deste disco que é uma das melhores em questão de romantismo. A faixa é uma baladinha que conta com uma parte instrumental muito bem criada, sem pitacos da cantora que deu liberdade de crianção a banda e Gal apenas adequou a letra com a melodia.
A faixa "Roda Baiana" foi outra que teve boa repercussão pelo Brasil e chegou a ser interpretada por outros de seus shows. A canção foi escrita por Ivan Lins.
O cantor Djavan faz parte do disco como autor de duas canções muito bem interpretadas por Gal Costa. Uma delas é “Faltando Um Pedaço” que exige uma técnica muito refinada de Gal Costa que atinge a perfeição, tendo como base uma parte instrumental uma sonoridade bem leve para dar licença ao espetacular tom de Gal. A outra canção composta por Djavan é "Açaí" que na época a palavra era pouco conhecida e ganharia mais espaço no país graças a matérias falando do fruto que era cultivado na Amazônia e que Gal cantava no seu disco.
Outra faixa linda deste disco é "O Amor" que conta mais uma vez com a banda afinada e bem criativa, criando o som com liberdade, dando a Gal a tarefa de incluir a letra e conseguiu interpretar muito bem o que é uma de suas melhores canções românticas.
Uma das canções de maior sucesso de sua carreira e que seria regravado por diversos artistas é o frevo “Festa do Interior” que foi escrito por Moraes Moreira e tornou uma das canções mais tocadas nas rádios em 1981 e também em 1982. A canção era bastante animada e comemorava a chegada da chuva, da fartura e da colheita sucedida no Nordeste brasileiro que é sempre castigado pela seca.
Não poderia ficar de fora uma marchinha de carnaval como foi com a canção "Balancê" de 1979 que foi escolhida como a melhor marchinha naquele ano e em 1981 a faixa era "Massa Real", escrita por Caetano Veloso que dava todo o tom carnavalesco em letra e melodia.
Faixas
Faixa | Título | Compositor(es) |
1 | Canta Brasil | David Nasser/Alcir Pires Vermelho |
2 | Meu Bem, Meu Mal | Caetano Veloso |
3 | Roda Baiana | Ivan Lins/Vitor Martins |
4 | Faltando Um Pedaço | Djavan |
5 | O Amor | Caetano Veloso/Ney Costa Santos/Vladimir Maiakovski |
6 | Festa do Interior | Moraes Moreira/Abel Silva |
7 | Açaí | Djavan |
8 | Tapete Mágico | Caetano Veloso |
9 | Massa Real | Caetano Veloso |
10 | Estrela, Estrela | Kledir Ramil |
Ouça o Disco
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