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sábado, 25 de novembro de 2017

Grandes Discos Brasileiros | 'Sobrevivendo no Inferno' - Racionais MC's (1997)



O Rap é um dos estilos musicais mais conhecidos no mundo, sendo que nos Estados Unidos estão grandes artistas que tem sua canções tocadas em vários países pelo mundo. Aqui no Brasil o Rap Internacional tem sempre espaço e geralmente faz mais sucesso que nosso Rap que tem qualidade e traz grandes canções e álbuns, porém na minha opinião o grande momento do Rap Brasileiro foi nos anos 90 até o início dos anos 2000 com a aparição de grandes artistas, grandes discos. Era um momento de muitos que faziam Rap por hobbie ou  para ganhar dinheiro em pequenos shows nas periferias das grandes capitais aparecer e entrar na onda que crescia muito e que infelizmente na atualidade ouvimos pouco. Na série Grandes Discos Brasileiros vamos lembrar de talvez o melhor grupo de Rap Nacional que temos e que até hoje são reverenciados que são os Racionais MC's que surgiu em 1988 e até hoje influencia novos artistas do estilo musical.



E se tratando de Rap Nacional e Racionais MC's o disco que mais marcou este movimento e a década de 90 e a história da música brasileira é Sobrevivendo no Inferno lançado em dezembro de 1997 e até hoje, (acredite), toca em diversos lugares por onde percorro, seja no fone de ouvido de um amigo ou em arquivo dentro de um pen drive, mostrando de fato o quão é importante este álbum.

O álbum foi gravado de forma independente pela gravadora Cosa Nostra e era seu quinto trabalho de estúdio que contou com a produção de Gertz Palma e pelos integrantes dos Racionais. A maioria das composições eram de responsabilidade de Edi Rock e Mano Brown.




O disco foi um fenômeno de sucesso, chegando a ultrapassar a marca de 1,5 milhões de cópias vendidas, porém nesta época eu presenciei muitos com o álbum pirata em forma de CD mídia ou em fita K7 que eram vendidas a preços bem pequenos e por conta disso o acesso ao Sobrevivendo no Inferno foi fácil, mas se você não tinha o álbum poderia ouvir em som ambiente pela vizinhança ou nos carros que queriam demonstrar seu bom gosto e o orgulho de se sentir representado pelas letras e melodia.

As letras falavam do cotidiano e de relatos da realidade das pessoas que viviam na periferia, sobretudo na periferia paulistana onde eles citam bairros da cidade ou até mesmo de cidades próximas da Grande São Paulo. Algumas composições chamaram a atenção por conta de alguns personagens centrais de cada canção como um detento, um jovem que cresceu na periferia e não teve oportunidades e entrou no mundo do crime, um jovem que foi vitima do crime, entre outros.


Para Mano Brown, o Brasil vivia uma época de cegueira na época do lançamento do disco. "Quando o Racionais veio falando o óbvio, os cara: 'Nossa os cara é foda'. Foda nada, eu era semianalfabeto, estava falando o óbvio. 'Os cara é gênio.' Gênio o que, malandro? Eu saí do primeiro colegial porque eu não aprendia. Eu nunca fui porra nenhuma."





Em 1998 o Estado de São Paulo e logo depois o restante do Brasil não parava de ouvir em seus aparelhos de som e walkman "Diário de um Detento", considerada uma canções de Rap mais importantes da história. A canção foi escrita por Mano Brown com contribuição do ex-detento Jocenir. A letra da música aborda a rebelião do presídio do Carandiru, ocorrida em 2 de outubro de 1992, quando 111 presídiários foram mortos pela polícia em evento que ficou conhecido como Massacre do Carandiru. A canção ganhou um clipe que foi bem televisionado na MTV, tanto que eles ganharam o VMB e fizeram um show inesquecível para o canal.

Outra canção importante e de sucesso foi "Capítulo 4, Versículo 3" que foi escrita por Edy Rock, Ice Blue e Mano Brown. A canção tem a presença de textos bíblicos, assim como na canção "Genesis" que é a intro desta faixa. A canção cita a realidade de algumas pessoas da periferia em diversas situações com diversas pessoas, passando por momentos bons e ruins.


Parte do encarte do disco

Uma das canções que mais me chama a atenção pela criatividade é "Tô Ouvindo Alguém me Chamar". A canção relata a história de muitos jovens que crescem na periferia e entra no crime por falta de oportunidades e de uma política pública para estas pessoas. Guina é o personagem principal da trama e muitos relatos é narrados como seu primeiro crime, até ser baleado.

"Rapaz Comum" é outra faixa que achei muito criativa e uma das mais emocionantes. Se trata de uma pessoa que  foi baleada e sente a presença de pessoas e sente que está partindo. No fim da canção ele já nota que tornou um espírito e o vê no seu sepultamento.

"Fórmula Mágica da Paz" foi composta ainda em 1996 por Mano Brown que expressava um dos seus problemas na Cohab que era o problema de moradia que lhe afetava. A canção também retrata a lealdade do lugar de onde veio e a possibilidade de viver no lugar mesmo com graves problemas sociais, mas no fim muitos querem sair deste lugar.


Faixas


Faixa Título Compositor(es)



1
Jorge da Capadócia
Jorge Ben Jor
2
Genesis (Intro)
Mano Brown
3
Capítulo 4, Versículo 3
Mano Brown
4
Tô Ouvindo Alguém me Chamar
Mano Brown
5
Rapaz Comum
Edi Rock
6
... (instrumental)
Edi Rock
7
Diário de um Detento
Jocenir; Mano Brown
8
Periferia é Periferia (Em Qualquer Lugar)
Edi Rock
9
Qual Mentira Vou Acreditar?
Edi Rock; Mano Brown
10
Mágico de Oz
Edi Rock
11
Fórmula Mágica da Paz
Mano Brown
12
Salve
Ice Blue; Mano Brown



Ouça o Disco



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