É bem provável que o mundo tenha perdido um grande trompetista de jazz quando o americano Chris Gardner, 52 anos, compreendeu que ele não poderia ser outro Miles Davis – um dos deuses do gênero. “Estudei trompete por dez anos. Minha meta era ser Miles. Mas minha mãe me disse que o posto de Miles Davis já estava ocupado pelo original e que eu jamais seria ele”, diz.
O consolo foi abraçar outro sonho: o de ganhar milhões de dólares. E os Estados Unidos ganharam um excepcional financista e, ainda mais importante, um mito inspirador. Afinal, são poucos os que, como Gardner, saltaram da condição de miserável sem-teto para a de milionário, tornando plausível a promessa do “sonho americano” de oferecer infinitas possibilidades a quem tem força de vontade, caráter e senso de oportunidade. Além de sorte, claro. Contada por ele no livro The Pursuit of Happyness (À Procura da Felicidade), a história de Gardner – bem conhecida dos americanos – ganhou o mundo com o filme homônimo estrelado por Will Smith e seu filho Jaden.
O consolo foi abraçar outro sonho: o de ganhar milhões de dólares. E os Estados Unidos ganharam um excepcional financista e, ainda mais importante, um mito inspirador. Afinal, são poucos os que, como Gardner, saltaram da condição de miserável sem-teto para a de milionário, tornando plausível a promessa do “sonho americano” de oferecer infinitas possibilidades a quem tem força de vontade, caráter e senso de oportunidade. Além de sorte, claro. Contada por ele no livro The Pursuit of Happyness (À Procura da Felicidade), a história de Gardner – bem conhecida dos americanos – ganhou o mundo com o filme homônimo estrelado por Will Smith e seu filho Jaden.
Trata-se da saga de um homem desempregado, abandonado pela esposa, tornado pai solteiro, mendigo, carregando o filho pequeno para os abrigos de sem-tetos, bancos de jardins e até banheiros públicos, ocupados à força para servirem de dormitório à dupla. Até que, com muito esforço e espírito empreendedor, Gardner consegue reverter esse estado de penúria para uma situação de riqueza, respeitabilidade e de fama. Hoje, ele tem uma fortuna estimada em US$ 600 milhões. Essa metamorfose, claro, dependeu de uma confluência de fatores que raramente se alinham. “Acho que somente nos Estados Unidos a minha história não é considerada uma anomalia. É claro que em outros países algumas pessoas conseguem repetir, ou mesmo superar, conquistas como as minhas. Mas são exceções que confirmam a regra que aponta esta nação como a verdadeira terra das oportunidades”, diz Chris Gardner, sentado atrás da mesa de conferências de sua empresa Christopher Gardner International Holdings, em Chicago. A peça de mobiliário, note-se, foi em outra encarnação a cauda de um avião DC-10.
Nos anos 80, Gardner vivia em San Francisco, onde trabalhava com venda de equipamentos médicos. Um dia, ele viu um sujeito numa Ferrari vermelha procurando vaga num estacionamento no centro da cidade. Impressionado com a máquina, ele ofereceu a sua vaga. “Falei para ele, você pode estacionar no meu lugar, mas me responda duas perguntas: O que você faz? E como você faz?” O dono da Ferrari disse que era corretor da Bolsa de Valores, vendia ações e faturava US$ 80 mil por mês – uma verdadeira fortuna na época. Ali, no ato, surgiu a inspiração indicando o caminho do ouro: “Naquele momento tomei duas decisões: entrar no negócios de ações e comprar uma Ferrari no futuro”, conta Gardner.
Nos anos 80, Gardner vivia em San Francisco, onde trabalhava com venda de equipamentos médicos. Um dia, ele viu um sujeito numa Ferrari vermelha procurando vaga num estacionamento no centro da cidade. Impressionado com a máquina, ele ofereceu a sua vaga. “Falei para ele, você pode estacionar no meu lugar, mas me responda duas perguntas: O que você faz? E como você faz?” O dono da Ferrari disse que era corretor da Bolsa de Valores, vendia ações e faturava US$ 80 mil por mês – uma verdadeira fortuna na época. Ali, no ato, surgiu a inspiração indicando o caminho do ouro: “Naquele momento tomei duas decisões: entrar no negócios de ações e comprar uma Ferrari no futuro”, conta Gardner.
Ele acabou perdendo o emprego, mas não a perspectiva. Depois de muita insistência, Gardner finalmente conseguiu ser colocado como estagiário não remunerado numa corretora da Bolsa de Valores. Esta primeira tentativa, porém, não traria sucesso. O homem que lhe ofereceu o treinamento saiu da empresa e, da noite para o dia, fecharam-se as portas para o protegido. Novamente desempregado e com US$ 1.200 em multas de trânsito sem pagamento, Gardner foi parar na cadeia. Sua mulher – numa das piores decisões financeiras de que se teria notícia – o deixou a ver navios com o filho deles, Chris Jr., então com dois anos.
Suas economias se resumiam a US$ 25 no bolso. Seria o suficiente para fazer uma pessoa começar a beber. “Meu padastro era alcoólatra, fracassado, ressentido e violento. Por isso eu não bebo até hoje”, conta. Se era suficiente para comprar dois litros de uísque, o dinheiro não dava para pagar o aluguel. Sem casa, pai e filho montaram residência provisória no banheiro da estação rodoviária de Oakland – uma espécie de Niterói da região. E foi no toalete, ainda hoje em funcionamento, que o futuro milionário teve uma epifania: “Neste mundo existem dois tipos de pessoas: aqueles que vêem um monte de estrume e o identificam como merda e os que reconhecem ali uma boa quantidade de fertilizantes.” Com essa idéia na cabeça, Gardner passou a sair pelas ruas em busca de seu monte.
Depois de muito penar, ele teve outra oportunidade no programa de treinamento da corretora Dean Witter Reynolds. “Eu não ganhava nada. Meus colegas não sabiam que de noite, meu filho e eu dormíamos em abrigos de mendigos, banheiros e parques”, disse Gardner a ISTOÉ. A situação, embora considerada por ele como “promissora” – segundo a “teoria dos fertilizantes” –, não era nada confortável. Mas em 1981 ele finalmente obteve a licença para operar oficialmente na Bolsa de Valores. Imediatamente, encontrou emprego na conceituada firma Bear, Stearns & Company, trabalhando primeiro na área de San Francisco e depois em Nova York. De lá para diante, deslanchou e nunca mais parou. A primeira Ferrari de Gardner foi comprada de segunda mão. E não poderia ter passado por mãos mais significativas: pertenceu ao maior gênio do basquetebol, Michael Jordan. Pode ter sido um sinal de sorte. A aquisição foi feita nos anos 90, em Chicago, onde, como empresário independente, Gardner já havia montado banca para lidar com ações futuras de commodities. “No filme essa trajetória mudou um pouco, para melhorar a narrativa. Mas a essência é a mesma do livro”, diz o protagonista.
Os Estados Unidos têm fixação com a história de Cinderela, fascinados pela possibilidade de alguém sair da pobreza e ficar rico. É o conto de fadas que explicita o chamado american way of life. Christopher Gardner é apenas mais um exemplo desse mito. “Aqui é a terra das oportunidades. Quem se empenhar e trabalhar duro tem boas chances de se dar bem”, explica a apresentadora de televisão Oprah Winfrey. Ela é a voz da experiência. Nascida na miséria há 52 anos no paupérrimo e racista Estado do Mississippi, filha de mãe solteira, acabou se transformando na mulher negra mais rica da história do país, tem o programa de maior popularidade da tevê e é uma das empresárias de maior poder no mundo. Por seu sofá no estúdio de gravação passaram outros símbolos do american dream, como Michael Jackson, o próprio Chris Gardner e o então senador Barack Obama. “Isso não que dizer que nos livramos do preconceito racial. O racismo existe nos EUA, é um mal que impõe carga insuportável aos oprimidos e atrapalha a realização dos sonhos de cada um”, ataca Obama. Chris Gardner.
Os Estados Unidos têm fixação com a história de Cinderela, fascinados pela possibilidade de alguém sair da pobreza e ficar rico. É o conto de fadas que explicita o chamado american way of life. Christopher Gardner é apenas mais um exemplo desse mito. “Aqui é a terra das oportunidades. Quem se empenhar e trabalhar duro tem boas chances de se dar bem”, explica a apresentadora de televisão Oprah Winfrey. Ela é a voz da experiência. Nascida na miséria há 52 anos no paupérrimo e racista Estado do Mississippi, filha de mãe solteira, acabou se transformando na mulher negra mais rica da história do país, tem o programa de maior popularidade da tevê e é uma das empresárias de maior poder no mundo. Por seu sofá no estúdio de gravação passaram outros símbolos do american dream, como Michael Jackson, o próprio Chris Gardner e o então senador Barack Obama. “Isso não que dizer que nos livramos do preconceito racial. O racismo existe nos EUA, é um mal que impõe carga insuportável aos oprimidos e atrapalha a realização dos sonhos de cada um”, ataca Obama. Chris Gardner.
A estréia de Jaden Smith nos telões, contracenando com seu famoso pai Will Smith, quase não aconteceu. Afinal, aos sete anos de idade, seu currículo apresentava apenas atuações em peças escolares, cujo destaque maior foi a interpretação de um leão numa obra ecológica. O estúdio Columbia Pictures também não gostou da idéia de ter pai e filho trabalhando juntos, alegando um histórico de fracassos em filmes em que este tipo de união ocorreu. Chegou-se a ponto de a mamãe Jade, esposa de Will, interferir pedindo para tirar o menino da bateria de testes brutais que o pequeno aspirante vinha enfrentando. “Eram 50 candidatos, depois passou-se a 15 e dali a cinco. Finalmente Gabrielle (Muccino, o diretor) disse que queria mesmo Jaden”, diz Will. É claro que como produtor da película o papai coruja teve certo peso nas decisões, mas ele garante que “a palavra final sempre foi do diretor. E ser meu filho obrigou Jaden a trabalhar dobrado para refutar as acusações de nepotismo. Acho que o resultado mostra que ele era a pessoa certa para o papel”.
A idéia de reunir a dupla de Smiths foi do próprio garoto. “Eu estava na cama revendo o roteiro e Jaden me pediu para ler em voz alta. No final ele disse: ‘Eu posso fazer este papel’”, diz Will. Na verdade, o próprio Jaden reconhece agora que teve a impressão errada daquilo que seria exigido dele. “Eu achei que a história era uma comédia. Meu pai sempre fez muita comédia e eu achava que esta seria mais uma delas”, diz o garoto. Acontece que The Pursuit of Happyness é um grande drama. “Jaden não queria chorar na cena em que o garoto perde seu único brinquedo. Eu fui dar uma volta com ele e falei: ‘Cara, não tem problema, não. Eu sei que você consegue chorar em cena. Nós somos atores, e é este o nosso trabalho.’ Depois fomos para a locação e ele me surpreendeu com um choro sentido, que, além de emocionar a todos, acabou me deixando preocupado com tamanha emoção”, diz o pai. Quanto a Jaden, sua maior preocupação era mesmo com os fãs: “Fiquei pensando o que iriam dizer meus amigos e amigas ao me ver chorando daquele jeito. Mas fiz a cena, e agora quero um prêmio por aquela choradeira”, diz o minigalã.
A idéia de reunir a dupla de Smiths foi do próprio garoto. “Eu estava na cama revendo o roteiro e Jaden me pediu para ler em voz alta. No final ele disse: ‘Eu posso fazer este papel’”, diz Will. Na verdade, o próprio Jaden reconhece agora que teve a impressão errada daquilo que seria exigido dele. “Eu achei que a história era uma comédia. Meu pai sempre fez muita comédia e eu achava que esta seria mais uma delas”, diz o garoto. Acontece que The Pursuit of Happyness é um grande drama. “Jaden não queria chorar na cena em que o garoto perde seu único brinquedo. Eu fui dar uma volta com ele e falei: ‘Cara, não tem problema, não. Eu sei que você consegue chorar em cena. Nós somos atores, e é este o nosso trabalho.’ Depois fomos para a locação e ele me surpreendeu com um choro sentido, que, além de emocionar a todos, acabou me deixando preocupado com tamanha emoção”, diz o pai. Quanto a Jaden, sua maior preocupação era mesmo com os fãs: “Fiquei pensando o que iriam dizer meus amigos e amigas ao me ver chorando daquele jeito. Mas fiz a cena, e agora quero um prêmio por aquela choradeira”, diz o minigalã.
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