O Brasil nos tempos da Ditadura Militar foi motivo e inspiração de grandes canções tendo composições cercadas de diretas ou indiretas protestando os líderes daquela época e muito destes artistas eram a voz daqueles que não podiam falar, pois estavam amordaçados ou não havia a coragem necessária de se expor, mas se viram refletido no músico Chico Buarque que foi um dos mais corajosos e altaneiros contra esse governo. Diante disso Chico acabou sendo exilado do Brasil, mas mesmo tão distante conseguiu realizar ótimos trabalhos e com as canções de protesto.
Um disco de muita expressão contra a Ditadura Militar e que foi um grande sucesso de público e crítica foi Construção, de 1971. A história deste disco começou no exterior, quando Chico Buarque começou a compor na Itália e terminou de escrever aqui no Brasil e logo realizou o procedimento de gravação das dez faixas. O disco é carregado de críticas ao regime militar vigente, principalmente no que concerne à censura imposta pelo governo.
Chico Buarque em 1971 |
Para falar deste disco temos que falar primeiramente e fazer até um especial para a canção "Construção" que é considerada por críticos a melhor canção brasileira de todos os tempos.
A letra de "Construção" foi composta em versos dodecassílabos, que sempre terminam numa palavra proparoxítona. Os 17 versos da primeira parte (quatro quartetos, acrescidos de um verso-desfecho) são praticamente os mesmos dezessete que compõem a segunda parte, mudando apenas a última palavra. Os arranjos são do maestro Rogério Duprat, em uma melodia repetitiva, desenvolvida inicialmente sobre dois acordes. A música, entretanto, tem harmonia bem mais complexa.
Uma página de revista destacando o sucesso da canção "Construção" |
Em um formato tipicamente épico, "Construção" narra a história de um trabalhador da construção civil morto no exercício de sua profissão, em seu último dia de vida, desde a saída de casa para o trabalho ("Beijou sua mulher como se fosse a última") até o momento da queda mortal ("E se acabou no chão feito um pacote flácido"). O narrador observa, organiza e comunica os acontecimentos, ocorridos numa história circular, cantada em melodia reiterativa e que modifica o ângulo de observação a cada repetição da letra com a troca de comparações ("Ergueu no patamar quatro paredes sólidas/mágicas/flácidas"), mas que no final encaminha para o mesmo fim, uma morte.
A letra contém uma forte crítica à alienação do trabalhador na sociedade capitalista moderna e urbana, reduzido a condição mecânica - intensificado especialmente por seus atos no terceiro bloco da canção ("máquina", "lógico"). Quando esse trabalhador ("um pacote flácido/tímido/bêbado") morre, a constatação é de que sua morte apenas atrapalha o "tráfego", o "público" ou o "sábado".
Em 2001, o jornal Folha de S.Paulo, em uma enquete realizada com 214 votantes (entre jornalistas, músicos e artistas do Brasil), elegeu "Construção" como a segunda melhor canção brasileira de todos os tempos - atrás de Águas de Março, de Tom Jobim. Já em uma eleição, em 2009, promovida pela versão brasileira da revista Rolling Stone, "Construção" foi eleita a melhor canção brasileira de todos os tempos.
Enfim, voltando a falar do disco há outras canções que podemos destacar como "Cotidiano" que tem uma linha pensamento e filosofia bem parecido com a faixa título, mas este fala de uma mulher que tem uma rotina que é mesma coisa todos os dias. Vale a pena ler esta letra e acompanhar a interpretação de Chico que está espetacular.
A canção "Valsinha" é um clássico das canções mais lentas de Chico e traz consigo uma letra poeticamente linda, rica e bem inspirada e muito bem interpretada sob uma linda melodia.
Outra canção muito querida dos fãs e críticos de Chico Buarque é "Desalento" que tem uma melodia bem samba canção bem fina e sob ela uma interpretação bem técnica como sempre soube fazer e a letra é outra poesia escrita por Chico.
Faixas
Faixa | Título | Compositor(es) |
1 |
Deus
Lhe Pague
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Chico
Buarque
|
2 |
Cotidiano
|
Chico
Buarque
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3 |
Desalento
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C.
Buarque, Vinicius de Moraes
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4 |
Construção
|
Chico
Buarque
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5 |
Cordão
|
Chico
Buarque
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6 |
Olha
Maria (Amparo)
|
C.
Buarque, V. de Moraes, Tom Jobim
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7 |
Samba
de Orly
|
C.
Buarque, Toquinho, V. de Moraes
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8 |
Valsinha
|
C.
Buarque, V. de Moraes
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9 |
Minha
História
|
Lucio
Dalla, Paola Pallotino; versão de C. Buarque
|
10 |
Acalanto
|
Chico
Buarque
|
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