Na série Grandes Discos Brasileiros vamos falar de um artista que creio que poucos conhecem e que conheceu nos anos 80 deve ter estranhado seus trabalhos que era muito diferente de tudo que ouvíamos e muitos acabaram gostando da novidade. Vamos falar de Arrigo Barnabé, músico nascido em Londrina, é pianista, compositor, arranjador e produtor. Arrigo criou uma nova maneira de fazer música que se tornou na época uma novidade tão criativa como foi o Tropicalismo.
O estilo Experimental mistura elementos e procedimentos da música erudita do século XX a letras ferinas sobre a vida na grande cidade. É comum a utilização de séries dodecafônicas, aliada a uma prosódia muito próxima da fala urbana de seu tempo.
Arrigo Barnabé em sua carreira lançou vários discos, mas tem dois que ganharam de vez o público que foram os dois primeiros que inclusive teve ótimas avaliações da crítica e acredito que conforme a novidade não se tornava mais novidade o público ficava cada vez mais enxuto. O disco que iremos retratar aqui é Clara Crocodilo lançado em 1980 e é o melhor disco deste estilo que o chamavam de Vanguarda Paulista.
O disco foi produzido por Robinson Borba e Arrigo Barnabé contou com a presença da banda Sabor de Veneno em todas as faixas. Quem participa em boa parte do disco é a cantora Tetê Espíndola que fez parte deste movimento, assim como Itamar Assumpção que fez parte de algumas faixas, mas logo se lançou como um grande artista da Vanguarda Paulista.
![]() |
Parte do encarte do disco |
Musicalmente, Clara Crocodilo caracteriza-se pelo uso de serialismos, especialmente o dodecafonismo, além do atonalismo livre, o que fez com que Arrigo Barnabé fosse apontado como o primeiro compositor popular a utilizar sistematicamente técnicas seriais em suas composições. As letras do disco discorrem sobre a vida neurótica e degradante nas metrópoles contemporâneas brasileiras, com enfoque na contracultura marginal paulistana, emergindo em um texto poético assumidamente influenciado pelas histórias em quadrinhos.
Saudado pela crítica especializada como o porta-voz da "terceira revolução" da MPB (depois da bossa nova e do tropicalismo), Barnabé encarnou o papel e declarou em 1981 "que depois do Tropicalismo o que tinha de acontecer é o atonalismo na música popular, que tinha de pintar uma coisa atonal. Isso porque os caras tinham chegado num ponto, mas não tinham rompido com a linguagem atonal, não tinha uma coisa organizada". Quase vinte anos mais tarde, não tendo sua previsão histórica sido cumprida, ele revelaria que "até forçava a barra, citando caras da velha-guarda como Orestes Barbosa nos shows, mas na verdade não tinha nada a ver com MPB".
Arrigo Barnabé nos anos 80 |
Saudado pela crítica especializada como o porta-voz da "terceira revolução" da MPB (depois da bossa nova e do tropicalismo), Barnabé encarnou o papel e declarou em 1981 "que depois do Tropicalismo o que tinha de acontecer é o atonalismo na música popular, que tinha de pintar uma coisa atonal. Isso porque os caras tinham chegado num ponto, mas não tinham rompido com a linguagem atonal, não tinha uma coisa organizada". Quase vinte anos mais tarde, não tendo sua previsão histórica sido cumprida, ele revelaria que "até forçava a barra, citando caras da velha-guarda como Orestes Barbosa nos shows, mas na verdade não tinha nada a ver com MPB".
![]() |
Tetê Espíndola nos anos 80 |
A cantora Tetê Espíndola teve uma presença muito importante no disco e logo notamos sua voz única e inconfundível nas faixas com uma interpretação bem diferente das grandes cantoras, sendo considerado genial pela crítica.
A Revista Rolling Stone Brasil escolheu o disco como um dos 100 melhores da música brasileira com a seguinte justificativa:
"Surgido no clima efervescente da música paulista nos anos 80, Clara Crocodilo é uma usina sonora que mistura música erudita contemporânea de vanguarda, dodecafonismo, pop e rock pesado. Ao mesmo tempo, é uma "ópera pop" cujo pano de fundo é a vida degradada nas cidades. Acompanhado da banda Sabor de Veneno e gravado de forma independente, o disco foi aclamado como o mais inventivo criado fora dos moldes do que se entende por música popular tradicional e solidificou a carreira do então pouco conhecido Arrigo Barnabé."
A Revista Rolling Stone Brasil escolheu o disco como um dos 100 melhores da música brasileira com a seguinte justificativa:
"Surgido no clima efervescente da música paulista nos anos 80, Clara Crocodilo é uma usina sonora que mistura música erudita contemporânea de vanguarda, dodecafonismo, pop e rock pesado. Ao mesmo tempo, é uma "ópera pop" cujo pano de fundo é a vida degradada nas cidades. Acompanhado da banda Sabor de Veneno e gravado de forma independente, o disco foi aclamado como o mais inventivo criado fora dos moldes do que se entende por música popular tradicional e solidificou a carreira do então pouco conhecido Arrigo Barnabé."
O disco possui oito faixas, mas boa algumas delas tem uma duração bem maior que canções normais, chegando a passar de sete minutos. Pesquisando em alguns sites a canção que mais se destacou de uma forma ou outra foi a faixa título "Clara Crocodilo" que despontou em alguns festivais e tem toda a característica da Vanguarda Paulista.
Faixas
* Tetê Espíndola participa das faixas 1, 3, 5, 6 e 7
* Itamar Assumpção faz arranjos nas faixas 3 e 6
Ouça o Disco
Faixas
Faixa | Título | Compositor(es) |
1 | Acapulco Drive-In |
Arrigo
Barnabé/Gilson Gibson/Otávio Fialho/Paulo Barnabé
|
2 |
Orgasmo
Total
|
Arrigo
Barnabé
|
3 |
Diversões
Eletrônicas
|
Arrigo
Barnabé/Regina Porto
|
4 |
Instante
|
Arrigo
Barnabé
|
5 |
Sabor
de Veneno
|
Arrigo
Barnabé
|
6 |
Infortúnio
|
Arrigo
Barnabé
|
7 |
Office-Boy
|
Arrigo
Barnabé
|
8 |
Clara
Crocodilo
|
Arrigo
Barnabé/Mário Lúcio Cortes
|
* Tetê Espíndola participa das faixas 1, 3, 5, 6 e 7
* Itamar Assumpção faz arranjos nas faixas 3 e 6
Ouça o Disco
Nenhum comentário:
Postar um comentário