Olha ela novamente na série Grandes Discos Brasileiros! Como não amar e não ficar hipnotizado com a voz de Clara Nunes. Ultimamente tem sido uma das cantoras que mais tenho escutado e venho dedicando o tempo para cada um de seus discos, dois deles já postados na série que tem sido bem acessados por leitores do blog e fãs da cantora.
O disco que iremos homenagear é o Clara Nunes de 1973 que marca a carreira internacional de Clara Nunes que conseguiu o respeito em países na Europa nos representando com sua música.
Antes de lançar este disco Clara conheceu os músicos Vinicius de Moraes e Toquinho que queriam dividir com ela shows por saber que ela era um talento especial. Os três estrelaram o show "O poeta, a moça e o violão" no Teatro Castro Alves, em Salvador. Meses depois Clara Nunes foi viajar para a Europa para participar de alguns festivais, entre eles houve um especial em Lisboa onde ela ganhou um show de mais de uma hora e teve sua apresentação reverenciada pela plateia presente.
O disco de 1973, mostrava ainda mais a maturidade de Clara Nunes que estava num estágio altíssima do seu talento, sabendo com maestria dar vida a cada verso interpretado e fez tão lindo que emociona em alguns momentos como por exemplo na canção "É Doce Morrer no Mar", onde é acompanho por uma orquestra em som mais baixo para dar destaque a linda voz.
Por falar em beleza, outro destaque que dou é para a capa que nada mais é que uma pintura de Clara Nunes, realizada pelo artista Luiz Jasmin.
O disco teve uma produção bem planejada e para isso ela contou com maestros para dar toques geniais em alguma faixas, principalmente que necessitariam de instrumentos de orquestra que teve resultados finais espetaculares, sendo bastante elogiada pela crítica, porém boa parte destas canções não tornaram grandes singles. Laércio de Freitas, Carlos Monteiro de Souza, Hélio Delmiro e Orlando Silveira foram os produtores e arranjadores do disco.
O grande sucesso deste disco foi a canção "Tristeza pé no Chão" escrita por Armando Fernandes. A canção tem um excelente acompanhamento da banda que deixa todo em tom de samba e ele abre bem o disco.
Uma canção que destaco é "Quando Eu Vim de Minas" que tem um tom mais alegre e foi escrita pelo autor Xangô da Mangueira. A canção se destaca por ser um samba partido alto que é um estilo que envolve mais instrumentos de percussão. O tom alegre da canção se prova pelo coro ao fundo de pessoas falando e urrando.
A faixa "Minha Festa" é outra canção muito bem escrita e produzida. A letra escrita por Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho é uma comemoração ao fim da tristeza em forma de festa com amigos.
A canção "Meu Carirí" foi outra que teve destaque por ter sido um dos singles executadas na emissoras de rádio.
O disco por fim passou da marca de 100 mil cópias e logo depois ela lançaria um grande disco de carreira que venderia mais e seria uma tendência da sua admirável carreira que é uma das maiores.
Faixas
Faixa | Título | Compositor(es) |
1 | Tristeza pé no Chão | Armando Fernandes |
2 | Fala Viola | Eloir Silva, Francisco Inácio |
3 | Minha Festa | Guilherme de Brito, Nelson Cavaquinho |
4 | Umas e Outras | Chico Buarque |
5 | Arlequim de Bronze | Synval Silva |
6 | O mais que Perfeito | Vinicius de Moraes, Jards Macalé |
7 | Quando vim de Minas | Xangô da Mangueira |
8 | Meu Carirí | Dilú Mello, Rosil Cavalcanti |
9 | Homenagem à Olinda, Recife e Pai Edu | Baracho |
10 | É Doce Morrer no Mar | Dorival Caymmi |
11 | Amei Tanto | Baden Powell, Vinicius de Moraes |
12 | Valeu Pelo Amor | Ivor Lancelotti |
Ouça o Disco
Um comentário:
50 anos do LP "Clara Nunes" de 1973.
Em abril de 1973, a gravadora Odeon lançava no mercado nacional o terceiro LP de Clara Nunes produzido por Adelzon Alves, sendo o sexto da cantora na contagem geral.
Com uma bela capa feita pelo artista plástico baiano Luiz Jasmin -- a primeira capa sem uma foto da Clara -- o disco trazia uma variedade de ritmos peculiares ao trabalho que Clara vinha desenvolvendo desde 1971.
Abrindo com um samba vencedor do V Festival de Música Popular Brasileira de Juiz de Fora (MG), o clássico "Tristeza Pé no Chão" (Armando Fernandes "Mamão"), maior sucesso do disco de construção poética e rítmica urbana, com uma cadência tocante e enaltecida pelo uso de instrumentos metais.
Outros sambas contagiantes tinham um outro tipo de levada: "Fala Viola" (Eloir Silva/Francisco Inácio) parecendo ter sido gravado em meio a um pagode; "Quando Vim de Minas" ((Xangô da Mangueira), um partido-alto de respeito; "Arlequim de Bronze" (Synval Silva) e "Amei Tanto" (Baden Powell/Vinicius de Moraes), duas regravações de sambas feitos à moda clássica, o primeiro sucesso de Carmen Miranda e, o segundo, lançado por
Cyro Monteiro na época de apogeu da dupla Banden/Vinícius.
Os sambas mais dolentes encontraram na voz de Clara a melhor tradução, da formidável dupla de mangueirenses "Minha Festa" (Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito), passando pela genial "Umas E Outras" (Chico Buarque) até a sublime "O Mais Que Perfeito" (Jards Macalé/Vinicius de Moraes).
E, como não bastasse, Clara ainda arrebata cantando compositores e ritmos nordestinos de um modo todo seu e encantador, como ouvimos em "É Doce Morrer No Mar" (Dorival Caymmi), "Meu Cariri" (Dilú Mello/Rosil Cavalcanti) e "Homenagem a Olinda, Recife e Pai Edu" (Baracho).
A música que fecha o primoroso álbum é cheia de romantismo, algo que remetia a Clara aos seus primeiros anos de cantora, a bela "Valeu Pelo Amor" (Ivor Lancellotti).
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