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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Crítica | "A Gente Mora no Agora", disco solo do cantor Paulo Miklos



Sou um fã e admirador da banda Titãs e considero uma das cinco maiores bandas que o Brasil tem (teve). Era evidente que a banda não estava mais com todo aquele pique, no sentido de fazer grandes discos e lançar canções marcantes como foi em toda a década de 80 e isso é resultado de inúmeras coisas como a mudança que vem acontecendo na música brasileira e a saída de quase todos os integrantes do grupo que fez até perder a identidade.

O último que saiu do grupo Titãs foi Paulo Miklos que deve ter sido difícil, até porque ele é um dos nossos maiores Rockstars brasileiros e ele trabalhava muito bem em equipe junto aos demais no grupo e uma carreira solo seria uma incógnita e sendo sincero eu não tinha expectativas boas quanto aos novos trabalhos.

Sabemos que Paulo Miklos é ator e ele trabalha bem e vimos ainda nesse ano ele fazendo uma participação na série Sob Pressão, na Globo, mas antes de atuar vimos Paulo em ação como jurado no programa X Factor em 2016 e achei o programa em si muito abaixo do esperado.

No dia 11 de agosto deste ano de 2017 Paulo Miklos lança o que é seu terceiro álbum solo chamado de A Gente Mora no Agora, mas sendo sincero como disse logo acima a minha expectativa não era tão altas e se misturava a algo nulo, mas algumas coisas me chamaram a atenção neste disco primeiramente pela inúmeras boas críticas que tenho visto na internet, mesmo daqueles que são sempre exigentes, desde então resolvi dar mais atenção.




O que me impulsionou a ouvir seu novo trabalho além das boas críticas foi a canção "Vou te Encontrar" que é extremamente linda, com um apego emocional grande e que realmente ouvindo com atenção é capaz de deixar cair lágrimas por uma obra tão bem feita. A faixa foi escrita por Nando Reis que foi um presente de amigo para amigo. A canção foi inspirada pelas mortes dos pais de Paulo e também de sua esposa Rachel, que infelizmente faleceu devido a um câncer em 2013. 


Sobre o processo de criação de "Vou te Encontrar", Paulo disse:

"Enviei a ele uma letra e depois cobrei: 'Pô, você viu?' Ele disse que viu, mas não estava rendendo. Depois, passou um tempo e [o Nando] me ligou, dizendo: 'Olha, foi de estalo, acordei com uma música inteira na cabeça. Fiz para você, sobre você'. Nada a ver com a [letra] que eu mandei. (...) É muito interessante, porque é na minha voz, mas ao mesmo tempo escrita por ele. 'Vou te encontrar', fala. É essa coisa de estar em você a memória das pessoas que você perdeu, de estar na natureza. Tem uma coisa muito bonita e sensível de como encarar isso afetivamente. Quando eu ouvi a música, fiquei emocionado. Ele conhece a minha história. As pessoas que eu perdi são queridas para ele também."



Sobre todo o disco o que encontramos é uma mistura bem brasileira e envolve vários estilos da nossa música como Samba, Frevo, influencias do Tropicalismo e uma grande essência da nossa MPB, porém ouvimos bem pouco de Rock, mas não é problema nenhum. O disco vem mostrando um lado de Paulo Miklos muito interessante que dá aquela sensação de que era para ele ter trabalhado com algo assim muito antes e é uma surpresa bem positiva para mim que sou fã e que não espetava algo tão bom.

No álbum temos uma banda muito bem afinada e que casa bem com as letras e a interpretação de Paulo. Temos participações especiais como da cantora Céu e do cantor. Guilherme Arantes. Aliás as composições das letras também contam com grandes nomes da nossa música como Mallu Magalhães, Nando Reis, Lurdes da Luz e Erasmo Carlos.

Entre as faixas poderia destacar várias, mas vou citar algumas como "A Lei Desse Troço" em parceria com Emicida e gosto da sua melodia que faz lembrar um pouco o Tropicalismo e ouvimos uma bela sinfonia de instrumentos de sopro.

A faixa "Vigia" lembra muito o que ouvimos na nova MPB e achei de muito bom gosto e tem potencial para ser um grande single.

A canção "País Elétrico" repete um pouco essa metodologia da nova MPB com uso de sintetizadores. A canção é uma parceria com Erasmo Carlos e fala da crise política que acontece no Brasil, criticando com frases fortes e com um refrão bem poderoso.

Temos um belo samba no disco com a faixa "Não Posso Mais"  em parceria com Mallu Magalhães e confesso que ficou "bonitinha" e gostosa de ouvir.


Conclusão

Peço até desculpas ao Paulo Miklos por dar esta chance um pouco tarde e fui até sincero quando falava de expectativas e agora falo para vocês: ouça ao disco A Gente Mora no Agora e acredito que quem é fã de Paulo, da MPB e da nova forma de interferir na nossa música vai gostar bastante deste álbum que tem tudo para ser considerado um dos três melhores trabalhos de 2017.



4.5/5



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